sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Historinha de Lins

Pois é, minha filha vai me dar mais um neto. Estão escolhendo um nome. Ela e o marido, com a indispensável colaboração do único filho, o Henrique, de seis anos.


Sergio Antunes (*) 


Vai chamar Biro-biro. Vai não.
Isso sou eu e meu neto Henrique conversando sobre o nome do irmãozinho que vai nascer.
Então vai ser Mastrucio Creozotado do Amor Divino. Tá loco, vô?
Pois é, minha filha vai me dar mais um neto. Estão escolhendo um nome. Ela e o marido, com a indispensável colaboração do único filho, o Henrique, de seis anos. Como é um varão, quer dizer, como é do sexo masculino, com ou sem varão, vai ter um nome de homem.
Que tal se fosse ... aí vou inventando os nomes mais malucos, só pra chatear o meu neto que, cada dia mais, está convicto de que o menino vai se chamar Felipe. Igual ao nome do goleiro do Corinthians, segundo ele.
Fase boa essa, em que a mãe carrega o filho no ventre, como o canguru, ele vai onde ela vai.  Depois cresce e não adianta insistir.
Mas, voltando ao nome, lembrei de Lins outra vez. Era lá que os três amigos se reuniam toda manhã na Farmácia Popular do seu Viotti, para resolver todos problemas do mundo.
Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas, garanto, não é mera coincidência. Conheci os três.
Eram o Pretestato, o Flósculo e o Telesphoro, assim mesmo, com peagá.
Conversavam um dia alegremente, como faziam todos os dias, quando entrou na pharmácia, assim mesmo, também com peagá, o José, para comprar um remedinho para a filha recém nascida.
Assim que souberam do recente nascimento, quiseram saber os detalhes, se a criança nasceu gorda, se a mãe passava bem, se mamava no peito, se chorava de noite, enfim, essas coisas que se perguntam sem nenhuma necessidade para alguém que acaba de ter um filho.
Até que o Pretestato, ou teria sido o Flósculo, se lembrou: E o nome da menina? Como ela se chama?
“Maria”, explicou o pai orgulhoso. “Acabei de voltar do cartório de registros”.
Ah, que bom, supimpa, homessa,  cáspite, comentaram os amigos, usando as últimas expressões da época. E concluíram: boa sorte para a pimpolha.
E o pai foi embora, feliz da vida, com o remédio pra gases num bolso e a certidão de nascimento da Maria no outro. Nem bem saiu da farmácia, um amigo, não sei qual dele, Pretestato, Flósculo ou Telésphoro, assim com peagá, virou-se para os outros com um certo ar de desdém e comentou: Uhmmm... Maria...nome de bolacha...

(*) Sergio Antunes (*)
sergioantunes@ig.com.br

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